sexta-feira, 20 de junho de 2014

Cafe Racer CB 450 Gulf by Marco Silva

Como de costume estamos sempre na trilha de noticias sobre motos do presente, passado e futuro.

Hoje dedicamos atenção especial a Café Racer de proprietário Marco Silva que fez um excelente trabalho para tornar a sua CB 450 em uma Café Racer de respeito...


Essa bela moto é criação do Marco Aurélio da Silva, que atualmente reside em Arujá -SP. Segundo ele, já teve diversos tipos de motocicletas, mas foi em 2011 que ele despertou para o estilo Cafe Racer. Segundo ele:

"Estive na Califórnia em novembro de 2011 e percebi o retorno da febre Café Racer em terras americanas impulsionada pela a exibição da primeira temporada da programa Café Racer TV de Mike Seate pelo Dicovery Channel. Além do programa, diversas revistas de motociclismo abordavam o tema em suas edições mais recentes. (..)

Voltei para o Brasil com o DVD da primeira temporada do programa, o livro do Mike Seate – Café Racer: The Motorcycle, além da edição mais recente da revista Café Racer , também editada por Seate na bagagem e uma idéia na cabeça – iria construir minha Café Racer em cima de uma bicilidrica, provavelmente a CB 400 ou 450 principalmente por causa da relação custo/benefício, mas também por ser uma moto fácil de encontrar e de manutenção relativamente simples."


A partir dai, já em Janeiro desse ano, o projeto começou, mas seguindo algumas premissas: a moto deveria ser o mais próximo possível de uma moto de época, mantendo suspensões, sistemas de freio e principalmente sem mudanças que pudessem comprometer a segurança. Por esse motivo, a moto tem pouquíssimas alterações de quadro, sendo eliminada apenas a parte do quadro logo após os amortecedores traseiros, que é justamente onde se encontra a última travessa estrutural do quadro original, que foi mantida. Podemos ver isso logo ai em baixo.

Nas fotos, você pode ver que o banco é de fibra de vidro, que foi feito pelo próprio Marcos. Ele explica o processo:

"O banco rabeta também foram feitas por mim. Após inúmeras tentativas de moldar a peça diretamente na fibra, confeccionei um bloco de espuma expansível mais ou menos na medida que queria que ficasse, e fui “esculpindo” usando uma lâmina de estilete e lixas de vários números até conseguir o formato desejado. Após isso, isolei a espuma com fita crepe o parti para a laminação da peça. Detalhe: nunca tinha mexido com fibra de vidro ou resina antes, mas o “professor Google” me ensinou tudo. E com riqueza de detalhes. É a junção da informação com a vontade de ver o resultado final que faz os desafios virarem aprendizado. A finalização da peça, ou o banco propriamente dito, foi feito sob encomenda em couro pelo Kendy da Pedrinho Bancos em São Paulo. O resultado final sinceramente ficou acima de minhas expectativas."

De fato, o banco ficou com um excelente nível de acabamento e com formas próximas da perfeição. Nas fotos de cima, você pode reparar que o tanque originalmente era para ser de fibra de vidro. Porém no meio do processo, houve uma mudança de rumos. Nas palavras do criador:

"O tanque de gasolina a princípio também seria confeccionado em fibra de vidro, mas fui desaconselhado pelo próprio Kendy a abandonar a idéia – por ser feito de duas peças que deveriam ser unidas com resina, a tendência era que o tanque começasse a rachar justamente nas junções. O Kendy me explicou que o pai dele – o Pedrinho – corria na Fórmula 125 da Honda nos anos 70 e o maior dos problemas do protótipo era justamente o tanque de gasolina, que era substituído por um de fibra de vidro que não aguentava a vibração do motor, causando vazamentos."

A solução pode parecer insólita, mas julgo que foi uma das melhores que vi, em se tratando de CB Cafe Racer: Foi usado o tanque da CG 83, que lembra muito o tanque original, mas é bem mais magrinho, aliviando peso e dando o visual mais magro que muitos buscam quando customizam CB 400/450.


Ainda nas imagens podemos reparar que a moto ganhou semi-guidões, que segundo o Marcos, foi foram comprados no Mercado Livre. O farol e painel são originais de uma CB 400. A tampa do tanque, artesanal, ficou matadora.


Indo para a parte traseira da moto, se destacam os belos amortecedores vermelhos, que são italianos originais, Marzocchi Strada, que eram acessórios de época originais para a linha CB, também foram comprados usados no Mercado Livre e devidamente reformados e restaurados por um amigo que faz suspensões para motos de motocross.


A transmissão da moto é japonesa e já vem no tom vermelho. As pedaleiras foram compradas no e-Bay e foram reposicionadas. O escape é o original da moto, que foi recortado e teve o silenciador colocado mas atras. A ponteirinha, pasme, foi feita a partir de uma caneca de inox! O escape teve o acabamento cromado lixado para dar um aspeto fosco ao cromo. Ainda falando sobre o escape, Marcos explica:

"As curvas de escapamento foram confeccionadas sob encomenda a um amigo aqui de Arujá que tem uma loja de escapamentos há muitos anos e que “descascou esse abacaxi” junto comigo. Ele também foi responsável pela colocação da fita de amianto que faz o isolamento térmico nas curvas, além de ter ficado incumbido de instalar a peça pronta na moto."


No geral, o bacana nesse projeto foi o cuidado com os pequenos detalhes, e em coerência com a proposta de criar uma Cafe Racer com jeitão de pista. O posicionamento proporcionado pelos semi-guidões e pedaleiras é agressivo, todos os itens desnecessários foram removidos, e segundo o Marcos, a moto perdeu em torno dos 20 kg. Junto a isso, houve um correto reposicionamento dos componentes: A bateria está bem escondida, debaixo do banco, os bacalhaus foram zincados e agora protegem o chassi, junto ao motor. Os pneus são Pirelli Sporty demom, mais largos que os originais. Todos os parafusos da moto são de inox. Muitas peças foram zincadas e perfuradas para dar o toque "racing" a moto. O sistema de freios são originais, mas as mangueiras agora são do tipo aeroquip. Os filtros de ar são esportivos. E o detalhe matador é vareta de óleo, que engloba um medidor da temperatura de óleo!


Segundo o pai da criança:

"A vareta de óleo original foi substituída por um relógio de temperatura (acessório para Harley), que para ter funcionalidade, teve a haste de aço revestida com um cano de alumínio, onde foram marcados os níveis de óleo exatamente como na vareta original, para que o nível do óleo pudesse ser conferido normalmente. Tudo feito com muito capricho. Todos me perguntam se esse relógio é apenas enfeite – resposta: não. Ele mede a temperatura do óleo do motor, além do nível do óleo no cárter, ou seja, sua função não é meramente estética."


Essa CB 450 com certeza está entre uma das mais incríveis motos que já passara, aqui na Garagem, sendo um trabalho praticamente irretocável, e digno de frequentar os principais blogs e sites de customização gringos. E o melhor de tudo, é que o Marcos Silva não pretende para de criar por ai.

" Agora com a experiência adquirida com este projeto, o próximo já está nos planos – uma CBX 750 de 90 em diante modificada para Café Racer. Apesar de as Café Racers originais serem bicilidricas, minha vontade de montar uma moto em cima de uma tetracilidrica sempre esteve por trás de tudo. Foi o que originou a iniciativa de fazer minha própria versão de Café Racer."



Se na primeira ele acertou, imaginem no segundo projeto... Parabéns Marcos!
Você ainda pode ainda mais fotos da motoca e do processo no Flickr do Marcos.


2 comentários: